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Otto Lara Rezende |
Como seu. tio, que o antecedeu na vida pública. Daí o apêndice Sobrinho. Já foi mais comum esta moda. O Afonso Arinos começou também se assinando Sobrinho. Antes dele, houve ' o tio xará, de “Pelo Sertão”. Ambos . escritores, o moço depois deixou de lado o Sobrinho. E passou a se assinar por extenso Afonso Arinos de Melo Franco. Podia ter adotado o Moço. Como José Bonifácio, o Moço, que assim se distinguia do tio, o patriarca da Independência.
No Brasil temos a mania dos nomes escalofobéticos. Ou estrangeiros. Alguns nem são prenomes. Ibsen em norueguês é filho de Ib. Ou Wilson, também nome de família. A notoriedade do presidente Wilson encheu o Brasil de Wilsons. Popularmente, virou : llson. E já vi um registrado como Oílson. Depois, há os inventados. Uma sílaba do nome paterno, outra do nome materno. A partir daí, o besteirol está solto. Vale tudo. Tem pra todos os gostos. E desgostos.
Há também a moda narcisista de Filho e Júnior. Às vezes precedidos só do prenome. O Mário Filho nos Estados Unidos era o Mr. Filho. Dito ! assim: Fíl-rô. Já o José Machado é o 1 Mr. Mc-Rádô. Virou escocês. Mas aqui mesmo no Brasil Ana Acioli pode virar Maria Gomes. E no que dá o legado ibérico de nomes quilométricos.
Qualquer plebeu carrega um monte de onomásticos. E a partícula. O próprio titular às vezes fica na dúvida. Que nome pôr em curso?
O Collor, por exemplo. Colloriu o Brasil. Se tivesse optado pelo Mello, era melhor dizer que mellou. Uma ' pequena mexida pode baratinar a identidade. Dizer, por exemplo, que o sr. Neto recebeu o prêmio Neustadt. E o João Cabral, também de Melo. E Neto. Amanhã digamos que tome posse o sr. de Franco. E o Itamar. Mas aqui gostamos de complicar as coisas. Haja vista o impedimento. Decretado pelo juiz, como no futebol. No botequim do Lili é impiche. E haja piche pra tanta pichação!
Texto de Otto Lara Rezende publicado na "Folha de S. Paulo", São Paulo, edição de 3 de setembro de 1992. Digitalizado, adaptado e ilustrado para ser postado por Leopoldo Costa.