Leopoldo Costa
O Mundo no final do primeiro milênio era povoado por apenas 280 milhões de habitantes e dividido por uma grande série de impérios conectados por ousados comerciantes.
CULTURAS E IMPÉRIOS
Sacro Império Germânico
Religião: Cristianismo.
Economia: Escravos, armas, madeira, lã
Uma aliança de nobres germânicos e o reino da Itália significou um baluarte frente aos invasores eslavos e magiares. Este império, altamente militarizado e dominado pelo fervor religioso, tinha a ambição de restabelecer o Sacro Império Romano.
Império Bizantino
Religião: Cristianismo.
Economia: Bens de luxo, tinturas, marfim, seda.
Bizâncio, ou os restos do Império Romano do Oriente, consolidou-se no ano 1000 ocupando o terreno perdido pelo Islamismo. Sua capital, Constantinopla,estava na encruzilhada do comércio mundial, originando uma arquitetura imperial grandiosa e bazares movimentados.
Império Sung
Religião:Budismo,Confucionismo e Taoismo.
Economia:Seda, cerâmica, jade, chá.
A cultura tecnologicamente mais avançada da época. A China já usava a prensa, a pólvora, o engenho e navios com capacidade para mais de 100 homens. Contava com uma enorme indústria e um exército com centenas de milhares de soldados. O correio à cavalo poderia demorar até seis anos para chegar as regiões mais remotas do império, saindo de Pequim.
Principados Indianos
Religião: Hinduísmo, Budismo, Jainismo.
Economia: Especiarias, metais e pedras preciosas, incenso, algodão, madeira,seda, marfim.
Os principados indianos eram divididos e envolvidos em violentos confrontos com os invasores otomanos do oeste. A cavalaria turca atacou 17 vezes em um período de 25 anos depois do ano 997, saqueando templos indus e conseguindo grandes quantidades de ouro.
Islã
Religião: Islamismo.
Economia: Sal, metais preciosos,cavalos, marfim.
Dividido em vários califados,o Islã não era a força unificada que foi em séculos anteriores. Mesmo assim,sua expansão continuou na Ásia, África e Península Ibérica, onde a ciência e a arte floresceram nas grandes cidades islâmica. Os navegadores árabes dominaram o comércio no Mar da Índia e ajudaram a continuar propagando sua religião na China, Indonésia e a costa da África Oriental.
Reino de Gana
Localização: África Ocidental.
Religião: Paganismo.
Economia: Ouro, cobre e sal.
A antiga Gana não tem nada a ver com a atual e se sobressaia sobre seus vizinhos usando a habilidade com o ferro e o domínio militar para controlar o comércio de ouro e sal entre o norte e o oeste da África.
Vikings da América do Norte
Acredita-se que os navegantes vikings,em sua tentativa de chegar a Groenlândia, alcançaram a costa do atual Canadá no ano 986, e batizaram o lugar como Vineland. Os restos de uma colônia norueguesa de curta duração foram encontrados em Terra Nova.
Japão
Religião: Paganismo, Budismo, Taoismo.
Economia: Bens de luxo.
O Japão anterior à época Samurai estava dominado por uma aristocracia que vivia de impostos cobrados à cidadania e que ocupava seu tempo com a literatura, a arte e a música. O ano 1000 marcou o período de estabilidade e avanços culturais que deixaram sua marca na tradicional literatura clássica japonesa.
Toltecas
Localização:México e América Central
Religião:Paganismo.
Economia: Escravos, armas e metais preciosos.
Depois da queda da civilização Maia, os Toltecas foram a cultura dominante. Uniram os assentamentos urbanos com suas próprias tradições que trouxeram pela primeira vez à América Central uma preponderância dos sacrifícios humanos.n
Grande Zimbábue
Localização: Sul da África
É o maior dos vários palácios reais cercados por muros, situados na região de produção de ouro na África do sul. Sua construção começou no século XI e continuou ao longo de 400 anos.
Império Jemer
Localização: Sudoeste asiático
Religião: Budismo, Hinduismo.
Economia: Arroz, metais e pedras preciosas.
O Império Jemer era governado pelos "divinos reis", que ergueram vários templos de grande tamanho, incluindo o gigantesco complexo de Angkor no Camboja. Uma sofisticada rede de canais ajudava na produção de arroz e o império floresceu a partir de seu predomínio nas rotas comerciais do sudoeste asiático.
Vale do Lambayeque
No Peru pré-inca de 1000 d.C a cultura Sican era dominante. Não construíram grandes centros urbanos, mas deixaram centenas de templos e câmaras mortuárias repletas de objeto de ouro e plata.
Comunicações
As caravanas de dromedários da África do norte levavam oito semanas para cruzar do Saara até Gana.
Comércio no Mar da Índia
Os navegantes árabes, indianos e chineses criaram uma rede de portos comerciais nas costas do Mar da Índia que competia com o Mar Mediterrâneo e que gradualmente, superou em importância muitos antigos itinerários, como a Rota da Seda.
Astrolábio
O astrolábio foi desenvolvido pelos árabes no século V d.C a partir de instrumentos astronômicos gregos, para determinar a hora local pela posição do sol no firmamento.
Bússola
Segundo o filósofo Aristóteles, a existência de pedras capazes de atrair o ferro tinha sido observada por Tales de Mileto, no século VII a.C. Mas a bússola só seria inventada na China no século I d.C.
Pólvora
Os chineses já conheciam e usavam a pólvora como instrumento de guerra no ano 1000. É o mais antigo de todos os explosivos - e fez com que as guerras, até então travadas apenas com armas brancas, se tornassem ainda mais violentas, quando chegou a Europa em 1190. As técnicas exatas de fabricação só foram conhecidas pelo mundo ocidental em 1242. No século XIV, um frade alemão chamado Berthold Schwarz desenvolveu-a como explosivo prático no século XV. Ele é considerado o inventor da arma de fogo que explodia bombas pela ação da pólvora,que passou a ser usada em canhões em 1346, mudando as táticas militares.
AS DEZ MAIORES CIDADES DO PRIMEIRO MILÊNIO
Córdoba
Habitantes: 500 mil
A cidade de maior crescimento no ano 1000, desenvolveu-se as custas do avanço do Islamismo na Espanha e rapidamente se converteu em um centro das artes, da ciência e da arquitetura no mundo árabe.
Kaifeng
Habitantes: 400 mil
O maior de todos os centros de expansão da China Sung, Kaifeng surgiu como uma cidade industrial, e devido à sua localização no rio Amarelo,foi um ponto relevante nas rotas comerciais fluviais.
Constantinopla
Habitantes: 300 mil
Capital do Império Bizantino, Constantinopla prosperou ainda mais graças à sua posição chave nas rotas entre Ásia e Europa.
Kyoto
Habitantes: 240 mil
A antiga capital do Japão era o centro religioso que albergava sua elite aristocrática e era conhecida pela arte, cultura e artigos de seda.
Angkor
Habitantes: 200 mil
Este vasto complexo arquitetônico era também o centro do Império Jemer e o pilar do sistema de produção de arroz baseado em uma sofisticada irrigação.
Cairo
Habitantes: 140 mil
Capital do Império Fatimita, que dominou a maior parte do norte da África, Síria e Arábia, Cairo era sede de muitas das grandes universidades e bibliotecas.
Bagdá
Habitantes: 140 mil
Capital do reino Abássida, Bagdá era considerado o centro intelectual do mundo. A cultura persa influiu na arquitetura e na vida cortesã da cidade.
Neyshabur
Habitantes: 140 mil
A segunda grande cidade da Pérsia no centro de expansão do Islamismo, Neyshabur era também o maior provedor de turquesas no ano 1000.
Al Hasa
Habitantes: 120 mil
Centro do movimento revolucionário xiita do Islamismo, que se desenvolveu na Arábia Oriental e apresentou uma grande resistência ao sistema de califados.
Isfahan
Habitantes: 100 mil
Potência industrial centrada na metalurgia, seda e almofadas, Isfahan se situava no cinturão do grão da Pérsia e era um importante produtor de alimentos.
CURIOSIDADES
1. 90% dos europeus do ano 1000 viviam no campo, subordinados aos senhores feudais. Por essa razão, nenhuma cidade europeia constava da lista das 10 maiores cidades do mundo.
2. No ano 989, durante três meses, uma estrela de cauda assombrou os 38 milhões de habitantes da Europa: era o cometa de Halley, que a cada 76 anos circula nas vizinhanças da Terra. Como a maior parte da população era analfabeta e a longevidade era em torno de 30 anos, ninguém tinha conhecimento da aparição anterior ocorrida em 913.
3. Na Inglaterra as 100 palavras mais usadas da língua inglesa atual já faziam parte do vocabulário da população que era , no entanto,completamente analfabeta.
AS PESSOAS TINHAM NOÇÃO DA CHEGADA DO ANO 1000.
Escreveu Stephan Jay Gould (1941-2002), palentoloogista estadunidense:
"Durante muito tempo eu mesmo me fiz esta pergunta. Nessa época distante as pessoas saberiam apenas que o ano 1000 se aproximaria? Realmente, segundo Landes que consultei,parece finalmente que sim, eles sabiam. O sistema de Denys, le Petit, distribuindo os acontecimentos a partir do ano 1 da era cristã, tinha sido largamente popularizado graças a famosa cronologia do Venerável Beda, um erudito monge inglês do século VIII. O monge Raoul Glaber anunciava que "Satã" seria em breve desacorrentado porque os mil anos se completaram. Em seguida afirma que a construção das catedrais tinha começado logo depois do ano 1000, quando se compreendeu que o fim dos tempos estava atrasado. Três anos depois do ano 1000, o mundo vestiu um manto branco puro das igrejas. Depois Glaber anunciou o fim dos tempos para o milênio da Paixão de Cristo em 1003"
Escreveu Umberto Eco, escritor italiano nascido em 1932:
"Escreveu-se muito no século XIX a propósito da última noite do primeiro milênio, sobre multidões aterrorizadas chorando nas igrejas. Depois ficou provado que não existia nenhum documento que apoiasse essa hipótese. Eu tinha 20 anos quando li "O Ano 1000" de Henri Focillon, e me lembro do meu assombro ao descobrir que não houve terror no ano 1000. Os pânicos milenaristas se manifestaram bem antes do fim do milênio, ou depois, mas não nessa data precisa."
Escreveu Jean Delumeau, historiador francês, especialista na História da Ireja, nascido em 1923:
"Visto que o Apocalipse havia falado de mil anos, não era absurdo pensar; no ano 1000, que os tempos se tinham escoado"
Texto adaptado de uma matéria extraida do caderno especial "A Grande Viagem 1000-1999" anexa ao "Correio Braziliense/Estado de Minas" que circulou no dia 31 de dezembro de 1999.
O Mundo no final do primeiro milênio era povoado por apenas 280 milhões de habitantes e dividido por uma grande série de impérios conectados por ousados comerciantes.
CULTURAS E IMPÉRIOS
Sacro Império Germânico
Religião: Cristianismo.
Economia: Escravos, armas, madeira, lã
Uma aliança de nobres germânicos e o reino da Itália significou um baluarte frente aos invasores eslavos e magiares. Este império, altamente militarizado e dominado pelo fervor religioso, tinha a ambição de restabelecer o Sacro Império Romano.
Império Bizantino
Religião: Cristianismo.
Economia: Bens de luxo, tinturas, marfim, seda.
Bizâncio, ou os restos do Império Romano do Oriente, consolidou-se no ano 1000 ocupando o terreno perdido pelo Islamismo. Sua capital, Constantinopla,estava na encruzilhada do comércio mundial, originando uma arquitetura imperial grandiosa e bazares movimentados.
Império Sung
Religião:Budismo,Confucionismo e Taoismo.
Economia:Seda, cerâmica, jade, chá.
A cultura tecnologicamente mais avançada da época. A China já usava a prensa, a pólvora, o engenho e navios com capacidade para mais de 100 homens. Contava com uma enorme indústria e um exército com centenas de milhares de soldados. O correio à cavalo poderia demorar até seis anos para chegar as regiões mais remotas do império, saindo de Pequim.
Principados Indianos
Religião: Hinduísmo, Budismo, Jainismo.
Economia: Especiarias, metais e pedras preciosas, incenso, algodão, madeira,seda, marfim.
Os principados indianos eram divididos e envolvidos em violentos confrontos com os invasores otomanos do oeste. A cavalaria turca atacou 17 vezes em um período de 25 anos depois do ano 997, saqueando templos indus e conseguindo grandes quantidades de ouro.
Islã
Religião: Islamismo.
Economia: Sal, metais preciosos,cavalos, marfim.
Dividido em vários califados,o Islã não era a força unificada que foi em séculos anteriores. Mesmo assim,sua expansão continuou na Ásia, África e Península Ibérica, onde a ciência e a arte floresceram nas grandes cidades islâmica. Os navegadores árabes dominaram o comércio no Mar da Índia e ajudaram a continuar propagando sua religião na China, Indonésia e a costa da África Oriental.
Reino de Gana
Localização: África Ocidental.
Religião: Paganismo.
Economia: Ouro, cobre e sal.
A antiga Gana não tem nada a ver com a atual e se sobressaia sobre seus vizinhos usando a habilidade com o ferro e o domínio militar para controlar o comércio de ouro e sal entre o norte e o oeste da África.
Vikings da América do Norte
Acredita-se que os navegantes vikings,em sua tentativa de chegar a Groenlândia, alcançaram a costa do atual Canadá no ano 986, e batizaram o lugar como Vineland. Os restos de uma colônia norueguesa de curta duração foram encontrados em Terra Nova.
Japão
Religião: Paganismo, Budismo, Taoismo.
Economia: Bens de luxo.
O Japão anterior à época Samurai estava dominado por uma aristocracia que vivia de impostos cobrados à cidadania e que ocupava seu tempo com a literatura, a arte e a música. O ano 1000 marcou o período de estabilidade e avanços culturais que deixaram sua marca na tradicional literatura clássica japonesa.
Toltecas
Localização:México e América Central
Religião:Paganismo.
Economia: Escravos, armas e metais preciosos.
Depois da queda da civilização Maia, os Toltecas foram a cultura dominante. Uniram os assentamentos urbanos com suas próprias tradições que trouxeram pela primeira vez à América Central uma preponderância dos sacrifícios humanos.n
Grande Zimbábue
Localização: Sul da África
É o maior dos vários palácios reais cercados por muros, situados na região de produção de ouro na África do sul. Sua construção começou no século XI e continuou ao longo de 400 anos.
Império Jemer
Localização: Sudoeste asiático
Religião: Budismo, Hinduismo.
Economia: Arroz, metais e pedras preciosas.
O Império Jemer era governado pelos "divinos reis", que ergueram vários templos de grande tamanho, incluindo o gigantesco complexo de Angkor no Camboja. Uma sofisticada rede de canais ajudava na produção de arroz e o império floresceu a partir de seu predomínio nas rotas comerciais do sudoeste asiático.
Vale do Lambayeque
No Peru pré-inca de 1000 d.C a cultura Sican era dominante. Não construíram grandes centros urbanos, mas deixaram centenas de templos e câmaras mortuárias repletas de objeto de ouro e plata.
Comunicações
As caravanas de dromedários da África do norte levavam oito semanas para cruzar do Saara até Gana.
Comércio no Mar da Índia
Os navegantes árabes, indianos e chineses criaram uma rede de portos comerciais nas costas do Mar da Índia que competia com o Mar Mediterrâneo e que gradualmente, superou em importância muitos antigos itinerários, como a Rota da Seda.
Astrolábio
O astrolábio foi desenvolvido pelos árabes no século V d.C a partir de instrumentos astronômicos gregos, para determinar a hora local pela posição do sol no firmamento.
Bússola
Segundo o filósofo Aristóteles, a existência de pedras capazes de atrair o ferro tinha sido observada por Tales de Mileto, no século VII a.C. Mas a bússola só seria inventada na China no século I d.C.
Pólvora
Os chineses já conheciam e usavam a pólvora como instrumento de guerra no ano 1000. É o mais antigo de todos os explosivos - e fez com que as guerras, até então travadas apenas com armas brancas, se tornassem ainda mais violentas, quando chegou a Europa em 1190. As técnicas exatas de fabricação só foram conhecidas pelo mundo ocidental em 1242. No século XIV, um frade alemão chamado Berthold Schwarz desenvolveu-a como explosivo prático no século XV. Ele é considerado o inventor da arma de fogo que explodia bombas pela ação da pólvora,que passou a ser usada em canhões em 1346, mudando as táticas militares.
AS DEZ MAIORES CIDADES DO PRIMEIRO MILÊNIO
Córdoba
Habitantes: 500 mil
A cidade de maior crescimento no ano 1000, desenvolveu-se as custas do avanço do Islamismo na Espanha e rapidamente se converteu em um centro das artes, da ciência e da arquitetura no mundo árabe.
Kaifeng
Habitantes: 400 mil
O maior de todos os centros de expansão da China Sung, Kaifeng surgiu como uma cidade industrial, e devido à sua localização no rio Amarelo,foi um ponto relevante nas rotas comerciais fluviais.
Constantinopla
Habitantes: 300 mil
Capital do Império Bizantino, Constantinopla prosperou ainda mais graças à sua posição chave nas rotas entre Ásia e Europa.
Kyoto
Habitantes: 240 mil
A antiga capital do Japão era o centro religioso que albergava sua elite aristocrática e era conhecida pela arte, cultura e artigos de seda.
Angkor
Habitantes: 200 mil
Este vasto complexo arquitetônico era também o centro do Império Jemer e o pilar do sistema de produção de arroz baseado em uma sofisticada irrigação.
Cairo
Habitantes: 140 mil
Capital do Império Fatimita, que dominou a maior parte do norte da África, Síria e Arábia, Cairo era sede de muitas das grandes universidades e bibliotecas.
Bagdá
Habitantes: 140 mil
Capital do reino Abássida, Bagdá era considerado o centro intelectual do mundo. A cultura persa influiu na arquitetura e na vida cortesã da cidade.
Neyshabur
Habitantes: 140 mil
A segunda grande cidade da Pérsia no centro de expansão do Islamismo, Neyshabur era também o maior provedor de turquesas no ano 1000.
Al Hasa
Habitantes: 120 mil
Centro do movimento revolucionário xiita do Islamismo, que se desenvolveu na Arábia Oriental e apresentou uma grande resistência ao sistema de califados.
Isfahan
Habitantes: 100 mil
Potência industrial centrada na metalurgia, seda e almofadas, Isfahan se situava no cinturão do grão da Pérsia e era um importante produtor de alimentos.
CURIOSIDADES
1. 90% dos europeus do ano 1000 viviam no campo, subordinados aos senhores feudais. Por essa razão, nenhuma cidade europeia constava da lista das 10 maiores cidades do mundo.
2. No ano 989, durante três meses, uma estrela de cauda assombrou os 38 milhões de habitantes da Europa: era o cometa de Halley, que a cada 76 anos circula nas vizinhanças da Terra. Como a maior parte da população era analfabeta e a longevidade era em torno de 30 anos, ninguém tinha conhecimento da aparição anterior ocorrida em 913.
3. Na Inglaterra as 100 palavras mais usadas da língua inglesa atual já faziam parte do vocabulário da população que era , no entanto,completamente analfabeta.
AS PESSOAS TINHAM NOÇÃO DA CHEGADA DO ANO 1000.
Escreveu Stephan Jay Gould (1941-2002), palentoloogista estadunidense:
"Durante muito tempo eu mesmo me fiz esta pergunta. Nessa época distante as pessoas saberiam apenas que o ano 1000 se aproximaria? Realmente, segundo Landes que consultei,parece finalmente que sim, eles sabiam. O sistema de Denys, le Petit, distribuindo os acontecimentos a partir do ano 1 da era cristã, tinha sido largamente popularizado graças a famosa cronologia do Venerável Beda, um erudito monge inglês do século VIII. O monge Raoul Glaber anunciava que "Satã" seria em breve desacorrentado porque os mil anos se completaram. Em seguida afirma que a construção das catedrais tinha começado logo depois do ano 1000, quando se compreendeu que o fim dos tempos estava atrasado. Três anos depois do ano 1000, o mundo vestiu um manto branco puro das igrejas. Depois Glaber anunciou o fim dos tempos para o milênio da Paixão de Cristo em 1003"
Escreveu Umberto Eco, escritor italiano nascido em 1932:
"Escreveu-se muito no século XIX a propósito da última noite do primeiro milênio, sobre multidões aterrorizadas chorando nas igrejas. Depois ficou provado que não existia nenhum documento que apoiasse essa hipótese. Eu tinha 20 anos quando li "O Ano 1000" de Henri Focillon, e me lembro do meu assombro ao descobrir que não houve terror no ano 1000. Os pânicos milenaristas se manifestaram bem antes do fim do milênio, ou depois, mas não nessa data precisa."
Escreveu Jean Delumeau, historiador francês, especialista na História da Ireja, nascido em 1923:
"Visto que o Apocalipse havia falado de mil anos, não era absurdo pensar; no ano 1000, que os tempos se tinham escoado"
Texto adaptado de uma matéria extraida do caderno especial "A Grande Viagem 1000-1999" anexa ao "Correio Braziliense/Estado de Minas" que circulou no dia 31 de dezembro de 1999.